TUDO EXATAMENTE NO MESMO LUGAR
O mesmo ponto de ônibus, as mesmas pessoas, o mesmo motorista, a mesma praça, o mesmo banco, as mesmas flores, o mesmo jardim.
Na correria do dia a dia pouco ou nada observamos nas coisas ao nosso redor. Aquela pessoa que todos os dias pega o ônibus com você, a moça da padaria que te atende todas as manhãs, o colega de trabalho que está sempre ali. Tudo exatamente no mesmo lugar.
A normalidade no meio do caos.
Numa vontade desesperada de se voltar para dentro de si, cada um passa a mão em seu fone de ouvidos, seu smartphone e viaja para um lugar qualquer onde possa estar em contato exclusivo com um mundo paralelo.
Meu mundo e nada mais.
O silêncio quebra os decibéis da normalidade que ocorre do lado de fora.
Em algum momento a viagem acaba e é preciso voltar a realidade.
Nem todos voltam, seguem o dia como um dublê de si mesmo.
As vezes me pergunto se de repente algumas respostas que procuramos não estão bem ali, diante de nós, no nosso dia a dia, nos olhos daquela pessoa que senta ao nosso lado no ônibus, nas atitudes do colega de trabalho, nos devaneios de um companheiro de sala, nos posicionamentos do chefe, na ausência de interatividade ou no excesso dela. A mula que falou com o profeta Balão está mais falante do que nunca, como se houvera tomado a pílula falante da Emília do Sítio do Pica Pau Amarelo.
As vozes dentro de nós calam nossos reflexos emocionais e nos submetem a letargia.
As mesmas queixas, os mesmos desinteresses, as mesmas buscas, os mesmo lamentos.
A pior de todas as rotinas, uma rotina fixa sem perspectiva de alterações.
As vezes quero um bilhete sem volta para dentro do meu mundo e nada mais.
Por Solange Lima
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