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Mostrando postagens com o rótulo poeta

NUDEZ FILOSÓFICA

Nem sempre as palavras nos desnudam. O silêncio o faz com mais propriedade. Ao despir sua própria alma o poeta encontra uma maneira de vesti-la.  No palco que é a vida somos todos artistas. Malabaristas, poetas, mágicos, encantadores, pintores, escritores... Cada um escolhe uma forma de apresentar-se perante a sociedade. Uns de cara lavada, outros com seus narizes vermelhos. Há quem seja o pateta e quem seja o senhor da verdade. Exorcizamos nossos bichos reais sendo pessoas de mentira. Criticamos os que vivem sem nossos filtros e nos sobrecarregamos de hipocrisia.  Fazemos amigos na hora da dor e inimigos na hora da alegria. Atiramos pedras no telhado do vizinho e desprotegemos o nosso telhado de vidro. Somos assim, nus. Na exposição há muito pouco de nudez. Quanto mais nos guardamos mais nos expomos. Nas maiores fortalezas habitam as maiores fraquezas. Quanto mais alto o muro mais revelador. REFLEXÃO DO DIA " Por que estás abatida...

FAXINA NA ALMA

Escrever é como colocar o dedo na garganta e vomitar. Pode-se ver pedaços do que sua alma ingeriu. Por mais que limpe, arrume, organize a sujeira toda, o odor denuncia o teor do alimento. O efeito para quem escreve é o mesmo para quem provoca um vômito; alívio! Todas as toxinas são lançadas fora, embora parte dela tenha sido absorvida. Se o homem pudesse imaginar que um dia alimentará os vermes ou saciará as chamas, aplicaria-se a enfeitar sua alma. Para o corpo água e sabão, para a alma perdão. Aliviar-se nas palavras é como passar perfume para disfarçar o mal cheiro. É expor a ferida para  higienização. Tal qual a paixão, que de tão inflamada necessita expandir-se para fora do coração, assim são os pensamentos que pulsam freneticamente até saltarem para o papel. Numa faxina explicita de sua alma, o escritor por vezes acaba lavando a consciência de quem o lê. Com muita propriedade escreveu Caio Fernando Abreu: " Quero estar perto de pessoas que sabem col...

AMOR PARA O POETA

Desejo incontrolável. Calor desejável. Sentimentos tolos. Tolices perdoáveis. Desejar o que não quer. Perder o domínio. Ansiar pelo chão. Coroar a razão. Entregar-se a emoção. Ir e ficar. Se enganar por decisão. Fechar os olhos, abrir o coração. Escutar o silêncio e traduzir suas metáforas. Proteger seus segredos mostrando-se por inteiro. Gritar seu amor explodindo-o por dentro. Fazer barulho em seus pensamentos. Esperar sem depender. Dar sem esperar. Preencher-se de si mesmo vivendo intensamente o amor que lhe chega enquanto lhe é possível envolvê-lo em seus braços, senti-lo em seu peito e expressá-lo em seu sorriso. Se preciso for, usando as palavras. Mas cuidando para que elas não calem seus olhos. Isso é amor. Em sua forma descabida, incontrolável, irresistível e insana. Urgente para a alma e necessário para o poeta. REFLEXÃO DO DIA: " Beije-me ele com os beijos da sua boca; porque melhor é o teu amor do que o vinho."   (Cânticos 1:2) -  http://www.bibliaonline.com.br/ac...

QUANDO O POETA SE CALA

O poeta fala com sua alma Derrama-se quando ela encontra-se em trevas. Quando o poeta se cala, entristecem-se todas as letras. De formas diversificadas cada poeta exprime suas mazelas, seus temores, amarguras, fracassos, decepções ou tão somente sua perplexidade diante da vida. Tal qual o pintor que faz seu traço de forma impar, o poeta doa-se de maneira particular, embora compartilhe sua dor com todos os olhos que se entregam as suas linhas decoradas de letras que falam. O amante da poesia pode deparar-se com letras objetivas, que narrem com simplicidade a vida como ela é, ou ainda embebedar-se da mais profunda fonte de delírios poéticos. Ou quem sabe, viajar para um mundo de imaginação guiado por tão enigmáticas rimas. Talvez enamorar-se por românticas declarações de amor vestidas de letras e carregadas de sentimentos. Todo poeta vive seu próprio conflito. Uns são tão intrigantes que torna-se impossíveis travesti-los de poema.  A fonte da criatividade parece par...